Para ajudar no esclarecimento da população, o Jornal do Comércio apresenta as três vacinas em uso atualmente no Brasil, explica suas diferenças, as tecnologias envolvidas em seus desenvolvimentos, os esquemas vacinais e o quanto cada uma delas é eficaz para combater a Covid-19.
Instituto Butantan já entregou 46,1 milhões de doses para o Ministério da Saúde
Público: indicada para indivíduos a partir de 18 anos ou mais.
Situação: A vacina foi aprovada pela Anvisa para uso emergencial e ainda aguarda o registro definitivo.
Eficácia:Geral: 50,4% após as duas doses
Casos leves: 78%
Casos moderados e graves: 100%
A vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan foi a primeira aprovada para uso emergencial no País e utiliza o vírus SARS-CoV-2 inativado, ou seja, o “vírus morto” para gerar resposta imunológica no organismo. A técnica já é conhecida na ciência, sendo a mesma utilizada para a produção de vacinas contra a gripe e a poliomielite, por exemplo.Por estar inativado – são utilizadas apenas partes do vírus que permitem ao sistema imune reconhecê-lo – não há possibilidade de que a vacina resulte no desenvolvimento da doença por parte de quem a recebe.O processo de produção do imunizante consiste, portanto, em inativar o novo coronavírus por meio da adição de substâncias químicas, impossibilitando-o de se multiplicar e, assim, ficando incapaz de infectar as células humanas.Assim que a vacina é aplicada, células de defesa do organismo reagem às partes do novo coronavírus dando início à produção de anticorpos. O esquema de vacinação da Coronavac é de duas doses com diferença de 14 a 28 dias entre elas.
A Fiocruz já entregou 30,1 milhões de doses da Covishield
Público: indicada para indivíduos a partir de 18 anos ou mais.
Situação: A vacina já tem o registro definitivo na Anvisa.
Eficácia:
Geral: 76% após a primeira dose e 82,4% após a segunda dose
Casos graves: 100%
A Covishield é a vacina desenvolvida pelo laboratório farmacêutico AstraZeneca em parceria com a universidade britânica de Oxford. No Brasil, ela é produzida pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz).A técnica utilizada para a criação do imunizante da AstraZeneca faz uso do chamado vetor viral. Nos laboratórios, os cientistas utilizam o adenovírus que infecta chimpanzés causando resfriados no animal. O adenovírus é manipulado geneticamente para inserir o gene da proteína “Spike” (proteína “S”) do Sars-CoV-2. Os adenovírus que compõem a vacina não podem se replicar na pessoa vacinada (vírus não-replicante), mas são reconhecidos por nossas células, que desencadeiam uma resposta imunológica específica para a proteína S, gerando anticorpos e outras células (células T) contra o novo coronavírus.O esquema vacinal prevê a aplicação de duas doses, com diferença de 4 a 12 semanas entre elas.A tecnologia utilizada é nova, sendo a primeira vez em que se usa o adenovírus de chimpanzé para a sua produção. Anteriormente, vacinas desenvolvidas com o adenovírus humano já foram desenvolvidas contra o ebola.Diferentemente da Coronavac, a vacina da AstraZeneca utiliza um vírus enfraquecido, mas ainda vivo. Portanto, aconselha-se que pessoas com imunodeficiência devem consultar seu médico antes de receber as duas doses.
Importada dos EUA, 2,2 milhões de doses da Comirnaty já chegaram ao Brasil
Público: indicada para indivíduos a partir de 16 anos ou mais.
Situação: A vacina já tem o registro definitivo na Anvisa.
Eficácia:
Geral: 95% após a segunda dose
A Comirnaty, como é chamada a vacina desenvolvida pela farmacêutica Pfizer, é baseada no RNA mensageiro, ou mRNA, que ajuda o organismo a gerar a imunidade contra o coronavírus, especificamente o vírus SARS-CoV-2. A ideia é que o mRNA sintético dê as instruções ao organismo para a produção de proteínas encontradas na superfície do vírus.Uma vez produzidas no organismo, essas proteínas (ou antígenos) estimulam a resposta do sistema imune resultando, assim, potencialmente em proteção para o indivíduo que recebeu a vacina. Conforme a empresa, a técnica, na qual apenas um pedaço de material genético é usado em vez de todo o vírus, nunca havia sido feita antes. Conforme a farmacêutica, a eficácia máxima da vacina é atingida após a aplicação de duas doses, com um intervalo de 21 dias entre ambas. O imunizante da Pfizer exige um armazenamento diferenciado. A vacina pode ser armazenada a temperatura – 90º C a – 60º C por até 6 meses, entre – 25º C a – 15º C por um período único de duas semanas e em temperatura de refrigerador entre 2º C a 8º C por cinco dias. A companhia desenvolveu uma embalagem para armazenamento na temperatura necessária a base de gelo seco. Nesta embalagem, os frascos de vacina podem ser mantidos por até 30 dias, desde que seja feita a manutenção do gelo seco.
Fontes:
Anvisa
Instituto Butantan
Secretaria Estadual da Saúde de Minas Gerais
Fiocruz
Pfizer