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Saiba como funcionam os medicamentos para redução da glicose no sangue

As medicações usadas no tratamento do diabetes tipo 2 estão agrupadas em oito classes de drogas que funcionam de maneiras diferentes para reduzir as taxas de glicose no sangue:

Antidiabéticos orais

  • Sulfoniluréias
  • Meglitinidas
  • Biguanidas
  • Tiazolidinedionas
  • Inibidores da alfa-glicosidase
  • Inibidores da DPP-4
  • Análogos de GLP-1
  • Insulina e análogos de insulina

Nesta seção, serão abordados os antidiabéticos orais e os análogos do GLP-1.

Antidiabéticos orais

  • Sulfoniluréias: estimulam as células beta do pâncreas (células responsáveis pela produção de insulina) para liberar mais insulina. Estas drogas têm sido usadas desde os anos 1950. A clorpropamida (Diabinese® e similares) é a única sulfoniluréia de primeira-geração ainda em uso hoje, embora seja muito menos prescrita que as de segunda-geração. As sulfoniluréias de segunda-geração são utilizadas em doses menores do que a Clorpropamida. Há quatro drogas de segunda geração: glipizida (Minidiab®), glibenclamida (Daonil®, genéricos e similares), glimepirida (Amaryl®, genéricos e similares) e gliclazida (Diamicron® MR e similares). Essas drogas são geralmente tomadas 1 a 2 vezes ao dia, antes das refeições. Todas as sulfoniluréias têm efeitos similares sobre os níveis de glicose no sangue, mas eles podem diferir em relação aos efeitos colaterais, número de tomadas ao dia e as interações com outros medicamentos.
  • Meglitinidas: assim como as sulfoniluréias, também estimulam as células beta a liberar insulina. A diferença é que as meglitinidas têm uma meia-vida mais curta que as sulfoniluréias, e devem ser tomadas três vezes ao dia, imediatamente antes do café da manhã, almoço e jantar. Repaglinida (Prandin® e similares) e nateglinida (Starlix®) pertencem a esta classe. Tanto as sulfoniluréias quanto as meglitinidas podem causar hipoglicemia.
  • Biguanidas: A metformina (Glifage®, genéricos e similares) é uma biguanida, e seu efeito em reduzir as taxas de glicose no sangue decorrem principalmente da redução da quantidade de glicose produzida pelo fígado. Pode ser tomada de uma vez ao dia (formulações XR, ou de liberação prolongada) a três vezes (formulação convencional, ou de liberação imediata). Recomenda-se que seja tomada com alimentos, para reduzir os efeitos colaterais gastrintestinais (diarreia, mal estar gástrico e dor abdominal).
  • Tiazolidinedionas:Atualmente, a única droga disponível neste grupo é a e pioglitazona (Actos®), uma vez que a ANVISA suspendeu a comercialização da rosiglitazona (Avandia®) em setembro de 2010, considerando o risco aumentado de infarto que poderia estar associado ao seu uso.A pioglitazona age melhorando a ação da insulina no músculo e gordura, além de diminuir a produção de glicose no fígado. Os efeitos colaterais são inchaço, anemia e redução de massa óssea (especialmente em mulheres após a menopausa). A medicação não deve ser utilizada por pacientes com insuficiência cardíaca, pois pode causar descompensação, e também por paciente com doença do fígado em atividade. O FDA (órgão que regulamente o uso de medicamentos nos EUA) lançou um alerta em setembro de 2010 para possível associação entre pioglitazona e risco de câncer de bexiga.A pioglitazona é administrada em dose única diária e, como a metformina, isoladamente não causa hipoglicemia.
  • Inibidores da enzima DPP-4: A mais nova classe de antidiabéticos orais a ser aprovada é a dos chamados inibidores da enzima DPP-4. Eles agem impedindo a degradação de um hormônio produzido no intestino, o GLP-1. O GLP-1 é liberado após uma refeição e estimula a produção de insulina, ajudando a reduzir a glicemia. Normalmente, o GLP-1 é rapidamente degradado pela enzima DPP-4. Os inibidores desta enzima permitem que o GLP-1 permaneça ativo no organismo por mais tempo, reduzindo os níveis de glicose no sangue. Inibidores DPP-4 não causam ganho de peso e não causam hipoglicemia. No Brasil, há três representantes desta classe: sitagliptina (Januvia®), vildagliptina (Galvus®) e saxagliptina (Onglyza®).Os inibidores da enzima DPP-4 são administrados de uma a duas vezes ao dia. Os efeitos colaterais são muito raros.

Tratamento oral combinado

Como as drogas listadas acima apresentam diferentes mecanismos de ação para reduzir a glicemia, seu uso combinado é justificado. Muitas combinações podem ser utilizadas. O endocrinologista deverá estudar caso a caso para identificar qual a melhor combinação em termos de eficácia e segurança para cada paciente.

Análogos do GLP-1

Esta classe reproduz a ação do hormônio natural GLP-1, com a diferença que estes medicamentos não são degradados pela enzima DPP-4.

A exenatida (Byetta®) é o único representante desta classe aprovado no Brasil. A molécula é uma versão sintética da exendina-4, um hormônio que foi isolado pela primeira vez a partir da saliva do lagarto monstro de Gila. A exenatida reduz a glicemia principalmente por aumentar a secreção de insulina. Como só tem esse efeito na presença de níveis elevados de glicose no sangue, não tende a aumentar o risco de hipoglicemia quando usada isoladamente ou com metformina. O efeito colateral principal é a náusea, o que tende a melhorar ao longo do tempo. Raramente, foram descritos casos de pancreatite aguda (inflamação do pâncreas).

A exenatida é administrada em doses subcutâneas com as refeições (duas vezes ao dia). Os pacientes em geral apresentaram perda de peso modesta, que se acompanha de um controle glicêmico melhor.

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